Volume de roubo de cargas estaciona em 2005
 
22/05/2006
Os roubos registrados no ano passado somaram R$ 700 milhões, mesmo volume apurado em 2004. O número de ocorrências diminuiu levemente, passando de 11.676 para 10.665, segundo levantamento ainda inédito da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC & Logística). Nos dois anos anteriores, o número de roubos já havia se estagnado - houve até uma pequena queda -, mas o volume financeiro da ação dos assaltantes permaneceu em ascensão. Isso mostra uma tendência de menos ações das quadrilhas, mas com roubo de carga com maior valor agregado, segundo o assessor de segurança da NTC & Logística, Paulo Roberto de Souza. Entre os produtos mais visados estão cigarros, eletroeletrônicos, combustíveis e artigos farmacêuticos, entre outros. Há características regionais, entretanto. No Ceará, por exemplo, Estado que tem um importante pólo de confecção, os têxteis estão entre os produtos preferidos pelos bandidos. A indústria do couro no Rio Grande do Sul, bastante forte no interior, está entre as que mais sofrem com os roubos de carga no Estado. Souza diz que o número de ocorrências e os volumes roubados mantiveram-se "em níveis administráveis" durante toda a década de 80 e o início da década seguinte. "Depois disso, o número de roubos só cresceu. Ele só foi se estabilizar entre 2002 e 2005, mas estabilizou-se lá no alto", afirma. A ação dos criminosos permanece bastante concentrada na Região Sudeste, que respondeu no ano passado por mais de 75% do total de ocorrências. No Estado de São Paulo ocorrem metade de todos os roubos de carga do país, e a capital é o epicentro do problema: atualmente, 42% dos roubos ocorrem em um raio de até 150 quilômetros de distância da cidade de São Paulo. Um dos desdobramentos do aumento vertiginoso dos prejuízos com roubo de carga foi o forte avanço do gasto das empresas com seguro. No início da década passada, o pagamento de prêmios de seguro para proteger as mercadorias transportadas engolia entre 2% e 3% do faturamento das companhias do setor. Hoje, estima Souza, essa fatia saltou para um patamar entre 12% a 15%. Ainda que o número de ocorrências tenha se estabilizado em um patamar bastante elevado - a média apurada em 2005 foi de quase 30 roubos por dia no país -, a estagnação do volume financeiro do roubo de cargas deve ser comemorado, argumenta Souza. "O número ainda é alto, mas parou de crescer. Isso já é resultado de ações que começaram a ser tomadas há alguns anos, como a prioridade no combate à receptação dos produtos roubados e a criação de 23 delegacias especializadas". Também contribuíram para a mudança ações como a aprovação da lei 10.446, de 2002, que "federalizou" o crime de roubo de carga. A última medida de peso para a indústria foi a aprovação, em fevereiro deste ano, da Lei Complementar 121. Ela criou o Sistema Nacional de Prevenção, Fiscalização e Repressão ao Furto e Roubo de Veículos e Cargas. Entre outros pontos, o sistema aumenta a cooperação entre a União e os Estados no combate a este tipo de crime. Fonte: Valor Econômico 22/5/2006