Porto do Mucuripe capta rota do Pecem
 
06/06/2006
FORTALEZA - O Porto de Fortaleza (Mucuripe) ganha novo canal logístico. A Companhia Docas do Ceará (CDC) e a francesa CMA CGM, uma das maiores transportadoras marítimas do mundo, assinaram, ontem, contrato para a operação de uma linha ligando o Porto de Fortaleza diretamente ao Extremo Oriente (Ásia) a partir do Caribe, via canal do Panamá. Com freqüência quinzenal, a primeira carga — com tecidos, cera de carnaúba, calçados, calcário, gesso e castanha de caju — será transportada pelo navio CGM Paulista, que deixa amanhã o porto da Cidade. Até então, a CMA CGM atendia o trecho a partir do Porto do Pecém. Segundo o diretor da transportadora no Brasil, Nelson Carlini, a mudança aconteceu porque atualmente, além de o Porto de Fortaleza apresentar estrutura adequada para movimentação de cargas, o local se torna mais próximo da clientela da empresa. Ainda conforme Carlini, um acordo assinado entre a CDC e os operadores portuários também influenciou na decisão, visto que o preço da mão-de-obra sofreu redução de 20%. Esta passa a ser a segunda linha marítima operada pela CMA CGM a partir do Porto de Fortaleza. A primeira segue até a Europa, de onde faz o transbordo de cargas para outros destinos inclusive para o Oriente. “No entanto, a mercadoria levava em média 50 dias para chegar à Ásia. Agora, pelo Caribe, os produtos embarcados no Mucuripe devem chegar ao Oriente em torno de 29 dias”, explicou. Além disso, o presidente da transportadora acrescentou que o exportador cearense também vai ganhar na redução do custo do transporte rodoviário, dado que o Mucuripe é mais próximo do que o Pecém. De acordo Carlini, a rota do Brasil para o Oriente inicia-se no Porto do Rio Grande (RS), passando pelos portos de Itajaí (SC), Santos (SP), Rio de Janeiro até chegar em Fortaleza. Daqui, segue até Kingston, na Jamaica, onde faz o transbordo para a Ásia. Além do continente asiático, a rota viabiliza ainda acesso aos países da América Central, costa oeste americana e sul-americana e golfo dos Estados Unidos. Cada viagem deve levar de 100 a 150 contêineres de 20 TEUs (20 pés), com carga variada. Com o crescimento do volume, afirma Carlini, existe a possibilidade de aumentar a freqüência da linha para semanal. O presidente da CMA CGM revela ainda que existe o interesse de operar uma terceira rota a partir do Porto de Fortaleza, tendo como destino os Estados Unidos. “Mas isso vai depender das mudanças estruturais que o Porto deve passar, assim como da aquisição de novos guindastes pelo empreendimento”, destacou. Para a presidente da CDC, Denise Carneiro Bessa, o incremento das operações da CMA CGM com o Porto de Fortaleza deve-se aos esforços empreendidos desde a gestão anterior para torná-lo mais competitivo. Entre eles, o aprofundamento do calado do porto, a cortina de proteção, a recuperação do píer comercial, da plataforma, assim como a criação do Centro Integrado de Atendimento, prestes a ser inaugurado. “Isto atraiu o olhar dos grandes armadores, que passaram a acreditar no potencial do porto”, disse. Atualmente, o Porto de Fortaleza movimenta em torno de 3,5 milhões de toneladas/ano entre graneis líquidos, graneis sólidos, cargas gerais e contêineres. Fonte: Diário do Nordeste 6/6/2006