Caminhoneiros sofrem com greve de auditores
 
08/06/2006
PORTO ALEGRE - Menos R$ 45 no bolso do caminhoneiro Arlindo Kretschmer, 48 anos. O prejuízo pode ser considerado pequeno se comparado aos US$ 72 milhões em mercadorias paradas na Estação Aduaneira Interior (Eadi Sul) em Uruguaiana, na Fronteira Oeste, devido à greve dos auditores fiscais em Uruguaiana. O problema causado pela paralisação ganha proporção quando o motorista revela o salário com o qual sustenta mulher e quatro filhos: R$ 1,2 mil. - A gente dorme na boléia para economizar, gasta R$ 15 para se alimentar, dinheiro que poderia ser usado dentro de casa, pois não ganho diária e tiro minhas despesas das comissões que recebo por viagem - revela o caminhoneiro, que saiu sábado de São Paulo com destino a San Juan, no noroeste da Argentina, a 1,3 mil quilômetros da fronteira com o Brasil. Apenas 30% dos servidores atuam com a operação-padrão - Para garantir a renda mensal, Kretschmer tem de fazer, no mínimo, três viagens internacionais no eixo São Paulo-Argentina. Como está parado desde a última segunda-feira em Uruguaiana, já teme não conseguir cumprir a meta. - A gente ainda tem medo de assalto, pois a responsabilidade da carga é nossa. Não se dorme mesmo parando em postos de gasolina. Ligo todo o dia para a mulher para ela não ficar preocupada - conta. Como Kretschmer, outros 1,2 mil motoristas aguardam na cidade fronteiriça pela fiscalização dos auditores fiscais, que desde o último dia 29 realizam operação-padrão, mantendo no controle das cargas que entram e saem do país apenas 30% do quadro. Os servidores reivindicam a criação de um plano de carreira. Segundo a Associação Brasileira de Transportadores Internacionais, atualmente o tempo de espera para liberação de cargas fica entre cinco e nove dias, três dias a mais do que o habitual. Fonte: Zero Hora 8/6/2006