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Transp. internacionais tem perda de US$ 32 milhoes |
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04/07/2006 |
SÃO PAULO - A Associação Brasileira dos Transportadores Internacionais (ABTI) calcula em US$ 32 milhões os prejuízos causados à categoria pela greve de dois meses dos auditores fiscais da Receita Federal. Apenas no Porto Seco de Uruguaiana, na fronteira gaúcha com a Argentina, as perdas chegariam a US$ 20 milhões, de acordo com projeções da entidade.
O diretor-administrativo da ABTI, José Carlos Becker, disse ontem ter recebido da Delegacia Regional da Receita Federal na cidade a informação de que a situação se normalizaria partir da confirmação do governo na última quinta-feira que manteria o reajuste do funcionalismo, englobando a categoria. "Já houve o retorno da fiscalização na sexta-feira e hoje (ontem)", disse Becker.
A América Latina Logística (ALL), que opera um porto seco ferroviário também em Uruguaiana, também confirmou que a situação está se normalizando. "Chegamos a ter 900 caminhões parados (no pátio do porto seco). Alguns caminhões com mercadorias do canal vermelho e do amarelo chegavam a ficar 15 dias parados", diz Becker, acrescentando que eram liberadas apenas cargas perecíveis e perigosas. Canal vermelho se refere a cargas que precisam ter a documentação e a mercadoria fiscalizadas e, no caso do canal amarelo, apenas os papéis. "Isso causa prejuízos com estadia, caminhões parados e perda de novos negócios", explica.
Segundo Becker, a média diária de caminhões liberados, que normalmente chega a 500, estava sendo de apenas 200 nos últimos dias devido à morosidade no trabalho de fiscalização. Conforme dados da ABTI, passam pelo Porto Seco de Uruguaiana todo o mês cerca de 14 mil caminhões, número que caiu para 11 mil em junho em função da greve dos auditores da Receita. "Hoje, em função do câmbio, ocorre mais importação do que exportação", acrescenta.
Como é a oitava greve em oito anos, a ABTI está tentando marcar uma reunião em Brasília com representantes da Receita e do Ministério da Fazenda para discutir uma forma de evitar que o transtorno se repita nos próximos anos.
O Porto Seco Rodoviário de Uruguaiana é o principal da América Latina, por onde passa por terra a maior parte das mercadorias negociadas pelo Brasil com a Argentina e o Chile. Conforme dados a Delegacia Regional da Receita Federal da cidade, de janeiro a abril o valor das cargas que cruzaram a fronteira chegou a US$ 2 bilhões (importação e exportação). Ano passado o montante atingiu US$ 5 bilhões, por meio de 168,4 mil caminhões.
O Centro das Indústrias do Rio Grande do Sul (Ciergs) conseguiu, em maio, uma liminar que obriga o desembaraço de mercadorias selecionadas para os canais vermelho e amarelo em cinco dias, o que ameniza mas não resolve o problema, de acordo com o presidente da entidade, Paulo Tigre.
Fonte:
Gazeta Mercantil
4/7/2006 |
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