SÃO PAULO - O governo brasileiro mandará amanhã a ministra do Meio-Ambiente, Marina Silva, para defender a posição do país diante dos juízes da Organização Mundial do Comércio (OMC), na disputa dos pneus contra a União Européia (UE). A decisão é sem precedente na OMC. O Brasil quer dar alta visibilidade a esse confronto, para destacar que envolve questões de saúde e ambientais e não comerciais. A audiência ocorrerá até sexta-feira, quando os dois beligerantes vão detalhar seus argumentos.
A UE contesta na OMC a proibição à importação de pneus reformados imposta pelo Brasil, bloqueando formalmente um comércio que envolve milhões de dólares. Bruxelas acusa o Brasil de discriminação, porque ao mesmo tempo permite a entrada do produto procedente do Mercosul.
A ministra justificará que os pneus reformados, ao contrário de novos, não podem ser recuperados mais uma vez, devem ser coletados e descartados após o uso. Só que não há nenhum método de depósito seguro, economicamente viável, nem adequado. A acumulação do produto ameaça a saúde publica e o meio-ambiente, com os mosquitos que se reproduzem nos pneus e transmitem doenças.
A mensagem brasileira tem sido de que simplesmente recusa ser lixeira da UE. Curiosamente, os europeus são os mais insistentes em defender questões ambientais ligadas ao comércio, em resposta à preocupação de sua população. A ministra Marina Silva dará também entrevista à imprensa internacional, em Genebra, para explicar os argumentos brasileiros.
Fonte:
Valor Econômico
4/7/2006
