|
Porto tem fuga de navios devido a protesto |
|
05/07/2006 |
SANTOS - O Porto de Santos já enfrenta fuga de navios em razão da paralisação de parte dos caminhoneiros autônomos que atuam no complexo. Segundo empresários, a mobilização desses trabalhadores atingiu principalmente as retiradas de contêineres vazios dos terminais, impossibilitando o recebimento de novas cargas e, consequentemente, as operações nas embarcações. Contudo, os manifestantes planejam estender o movimento por tempo indeterminado, se não houver acordo.
Parte dos carreteiros autônomos que atuam no cais santista desligou os motores oficialmente ontem. Entretanto, na última sexta-feira o movimento já havia sido deflagrado em alguns pontos do cais. Esses trabalhadores reivindicam um prazo maior para se adequarem às condições de segurança dos veículos, conforme determinou o Ministério Público Federal (MPF), e melhores ofertas de trabalho, principalmente aumento no frete.
Segundo o presidente do Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp), Mauro Salgado, que também dirige os terminais da Libra (T35 e T37) no porto, cinco embarcações deixaram de operar no complexo desde a última sexta-feira. Ele afirmou que os pátios de armazenagem de cofres estão cheios, de modo que o desembarque de novas unidades fica comprometido.
‘‘O fluxo mais prejudicado é o da importação que, na sua maioria, é realizado pelos autônomos. Sem a retirada dos contêineres que chegam ao porto, já que os autônomos estão parados, não podemos abrir espaço para essas cargas. Estamos preservando o espaço para exportação. Se isso for feito, os movimentos de exportação serão prejudicados e, para não ocorrer desta forma, estamos priorizando a exportação. Esse fluxo está razoavelmente garantido’’, explicou Salgado.
O presidente do Sopesp espera que os protestos dos caminhoneiros autônomos sejam encerrados o mais rápido possível. ‘‘Nossa expectativa é que essa situação se conclua amanhã numa reunião que vai haver entre os caminhoneiros e os terminais retroportuários, que são os responsáveis pela contratação dos autônomos’’, disse.
De acordo com o diretor regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) de Santos, Ronaldo Souza Forte, os navios desviados seguiram, principalmente, para o porto de Paranaguá, onde o movimento dos caminhoneiros não repercutiu. ‘‘Aqui está quase tudo parado. A operação só está sendo permitida aos caminhões de empresas (transportadoras), mesmo porque eles estão estruturados para atender aos requisitos do trânsito, como quer o Ministério Público. Por outro lado, Paranaguá tem condições de receber os navios, sem os reflexos da paralisação’’, apontou.
Já o diretor de Infra-estrutura e Serviços da Codesp, Arnaldo de Oliveira Barreto, destacou que, antes mesmo do volume de cargas e de embarcações que possam deixar o porto, a estatal irá priorizar a segurança no complexo. ‘‘O mais importante neste momento é ter as condições de segurança no trânsito, para o trabalhador, garantidas’’, citou, ao amenizar o impacto dos protestos.
Mobilização - Para o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos da Baixada Santista (Sindicam), José Luiz Ribeiro Gonçalves, que representa a categoria, mas é contrário à forma da reivindicação, cerca de 500 caminhoneiros permaneceram parados ontem, o que colaborou para os atrasos na retirada dos contêineres dos terminais. Ele disse, porém, que o número não reflete a vontade dos trabalhadores, que estão sendo ‘‘coagidos’’ a aderir. ‘‘O pessoal que não se adequou está obrigando aqueles que se adequaram a parar’’, lamentou.
O coordenador dos protestos na Baixada, o secretário-geral da Central Geral dos Trabalhadores Brasileiros (CGTB), Heraldo Gomes de Andrade, apresentou outro número de trabalhadores que aderiram ao movimento. Para ele, aproximadamente 2.300 autônomos — dos 2.500 esperados — participaram do primeiro dia oficial dos protestos. Já Gonçalves informou que a quantidade só é alcançada porque a organização da manifestação inclui os motoristas que estão descansando e as carretas em manutenção.
Andrade disse que há o risco de os piquetes perdurarem por tempo indeterminado. ‘‘Tudo dependerá da reunião de amanhã (hoje) com os operadores. O caminhoneiro quer ganho real, melhores condições de trabalho. Eles já estão há dois anos sem reajuste do frete e ainda querem que ele esteja adequado às normas do Ministério Público’’, analisou.
Fiscalização - Principal justificativa de parte dos autônomos para a mobilização, a fiscalização das condições de segurança das carretas foi ‘‘tranquila’’, para a assessoria de imprensa da Codesp. Conforme a estatal, não houve qualquer notificação ou multa aos usuários pois todos os veículos que estiveram no cais ontem atenderam as exigências de segurança solicitadas pelo MPF.
Fonte:
A Tribuna
5/7/2006 |
|