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Frete terá aumento de 10% a partir de agosto |
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10/07/2006 |
SANTOS - Representantes das transportadoras e dos caminhoneiros autônomos que atuam no Porto de Santos chegaram a um acordo para tentar esvaziar a manifestação deflagrada na última segunda-feira por um grupo de motoristas.
Pelo menos dez navios já desviaram rota de Santos por conta da paralisação dos caminhoneiros. Ficou decidido que haverá um aumento de, em média, 10% no frete do transporte rodoviário a partir do próximo dia 5. O acordo foi celebrado ontem, numa reunião de emergência ocorrida no Sindicato das Empresas Transportadoras de Cargas do Litoral Paulista (Sindisan).
A medida é uma forma de acabar com o movimento coordenado pelo ex-sidicalista e auto-intitulado coordenador do Movimento União Brasil Caminhoneiro na Baixada Santista, Heraldo Gomes de Andrade.
Desde a semana passada ele orquestra uma paralisação das atividades dos motoristas no porto, como represália à determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) de que os caminhões que não estivessem em estado adequado de conservação fossem multados pela Codesp.
Depois, mudou o discurso, pois as coações sofridas pelos trabalhadores — inclusive com ameaças por telefone e pessoalmente —, tiveram ampla divulgação na mídia. Consequentemente, a comunidade passou a rechaçar o movimento. Andrade passou, então, a adotar um discurso de defesa do aumento do frete e de melhores condições de trabalho, de forma a sensibilizar a categoria.
‘‘Eles falaram o óbvio. Todo mundo sabe disso’’, bradou o presidente do Sindisan, Marcelo Marques da Rocha.
Como o frete está de fato defasado, a manifestação ganhou força e se estendeu por mais tempo que o originalmente previsto (48 horas). Mas a proposta dos manifestantes é inviável, dizem os transportadores. Em linhas garais, eles pedem um aumento de 25% no frete, chegando a 83% em determinados casos, afirmou o presidente do Sindisan.
Na reunião ocorrida ontem, ficou acertado, por exemplo, que uma viagem entre a Margem Esquerda (Guarujá) e a Margem Direita (Santos) para levar um contêiner vazio (e depois o caminhão fazer o caminho inverso) passará a custar R$ 380,00, ante os R$ 353,00 hoje praticados, uma aumento de 7,6%.
Segundo o presidente da Seção III Transportadores Autônomos de Bens, José da Fonseca Lopes — que veio a Santos especialmente para a reunião de ontem, a pedido dos autônomos e das transportadoras —, essa é uma boa forma de tentar fazer frente às ações dos grevistas. ‘‘É uma maneira de a gente quebrar essa hegemonia’’, explicou Lopes.
Os protestos chegaram a tal ponto que a Polícia Militar promoveu uma reunião urgentemente na última quinta-feira onde estabeleceu as ações para conter atos ilícitos. Em primeiro lugar deslocou viaturas para percorrem os pontos críticos do cais, onde trabalhadores estavam sendo coagidos a não transportar cargas. Caso necessário, determinou a escolta dos caminhões que não aderiram à paralisação e, finalmente, a prisão dos baderneiros, se necessário fosse.
Justiça - O Sindicam pediu na última sexta-feira à Justiça do Trabalho em Santos a suspensão da paralisação da categoria no porto de Santos. O processo faz parte de um pedido anterior da entidade para responsabilizar e proibir a presença dos líderes do movimento no complexo. A ação será julgada nesta segunda-feira (10).
Fonte:
A Tribuna
10/7/2006 |
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