Caminhoneiros decidem retornar ao trabalho
 
14/07/2006
SANTOS - Os caminhoneiros autônomos em greve há 13 dias vão retomar hoje seus trabalhos parcialmente no Porto de Santos. Eles decidiram suspender os protestos ontem, após a aprovação da proposta, feita por oito transportadoras, para reajustar o frete em 25%. As armadoras, que pagam a prestação deste serviço, anunciaram que não vão absorver o aumento. A paralisação dos autônomos buscava melhores remunerações ao transporte de contêineres e a prorrogação da fiscalização da Codesp sobre as condições de segurança das carretas, como obrigou o Ministério Público do Trabalho (MPT). O acordo foi feito com as empresas Cadel, Cargoline, De Angelis, Enetrans, Jaw Trans, SM Lopes, TL e Transporto, na presença de cerca de 700 caminhoneiros, no auditório do Sindicato dos Metalúrgicos, no final da tarde de ontem. Os representantes das transportadoras ofereceram 25% de reajuste sobre o preço praticado à vista na tabela do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos da Baixada Santista (Sindicam), de 1º de setembro do ano passado, logo aceito pelos manifestantes. A mudança entra em vigor no próximo dia 25. Pelos novos números, os motoristas vão receber, no mínimo, R$ 105,00 para a movimentação de cofres de Santos para Santos, por exemplo. Antes, a taxa era de R$ 84,00. ‘‘Foi um grande avanço, mas a luta continua. Ainda falta resolver muita coisa, como a demora nas filas de caminhões nos terminais’’, disse o coordenador do Movimento União Brasil Caminhoneiro, Heraldo Gomes de Andrade, que comandou os protestos. Os serviços serão retomados às 7 horas, na Margem Esquerda, em Guarujá, e às 13 horas em Santos. O segundo horário foi escolhido porque os caminhoneiros querem confirmar os nomes de outras transportadoras que aceitam o reajuste para o trabalho na Margem Direita. Negativa - Os armadores não vão aceitar o aumento negociado entre transportadoras e o movimento dos caminhoneiros autônomos. De acordo com o vice-presidente do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), José Roque, ‘‘na atual política de redução do frete marítimo (o preço cobrado para o navio levar uma mercadoria), os armadores não vão aceitar que seus prestadores de serviço aumentem seus custos’’. O serviço citado a que se refere Roque é o próprio transporte de contêineres vazios, atividade tradicionalmente realizada pelos autônomos. São estes profissionais quem, na maioria das vezes, retiram os cofres dos terminais portuários e os levam para as indústrias brasileiras (serão nestes recipientes onde as firmas vão colocar as cargas para serem exportadas). Os contêineres são de propriedade dos armadores, que os alugam para as empresas e coordenam sua remessa. Nessa etapa, os armadores são representados pelas agências de navegação. São elas as responsáveis por negociar com as transportadoras, que, por sua vez, vão contratar os autônomos, para sua entrega até a companhia de destino. Com o vice-presidente do Sindamar afirmando que não aceitaram o repasse desse custo, ele terá de ser assumido pelas próprias transportadoras, caso o acordo seja cumprido. Ontem, as firmas que negociaram com os manifestantes afirmaram que vão tentar repassar os custos às armadoras, mas se não forem atendidas terão duas alternativas: assumir o custo ou fechar as portas. Ainda sobre o movimento dos caminhoneiros, José Roque criticou a postura da Codesp. Apesar da Companhia Docas não ter qualquer poder de decisão nessa negociação (que compete só à iniciativa privada), ele afirmou que ‘‘esperava um posicionamento da Autoridade Portuária. Ela tinha de intervir e buscar uma solução, conversando com as partes. Afinal, este movimento prejudicou ainda mais a imagem e as operações do Porto de Santos e ele é, antes de tudo, a Autoridade Portuária’’. Fonte: A Tribuna 14/7/2006