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Reunião em BrasÃlia debaterá restrição a contêiner |
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18/10/2006 |
SANTOS - Representantes do Sindicato das Transportadoras de Cargas do Litoral Paulista (Sindisan), do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e do Ministério dos Transportes se reúnem nessa quinta-feira, em Brasília, para debater a restrição no transporte de contêineres high cube na Capital e em rodovias estaduais.
O high cube é um tipo de cofre mais alto que os usuais — enquanto um contêiner convencional mede 2,5 metros de altura, um high cube tem 2,8 metros. Por isso, as carretas que transportam este tipo de unidade não podem circular sem um documento chamado Autorização Especial de Trânsito (AET). Ocorre que este aval é válido por apenas uma viagem, obrigando os caminhoneiros a pedirem novas certidões a cada serviço.
Originalmente, a ida a Brasília estava prevista para ocorrer nos dias 26 e 27, mas a CNT conseguiu marcar o encontro para quinta-feira próxima. De acordo com o presidente do Sindisan, Marcelo Marques da Rocha, a reunião tem dois objetivos: convencer o Denatran a ampliar a validade da AET dos high cube para um ano — tal como acontece com os cegonheiros, assim chamados os caminhões que transportam automóveis —, ou retirar tal restrição para o transporte dos high cube.
Devem participar da reunião, além de Rocha, o secretário de Política Nacional de Transportes Ministério dos Transporte, José Augusto da Fonseca Valente; o diretor do Denatran, Alfredo Peres; e o diretor da CNT, Flávio Benatti.
Números - Dos cerca de 5 mil contêineres que chegam e saem diariamente do Porto de Santos, o Sindisan avalia que aproximadamente 40% sejam high cube. Segundo o Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos da Baixada Santista (Sindicam), alguns associados já foram punidos com aproximadamente 70 multas por não terem a AET. Cada multa custa R$ 147,00 e representa cinco pontos na carteira de habilitação do motorista.
‘‘Não é possível continuar assim. As multas continuam caindo. Mas não é só a questão pecuniária, é também a possibilidade de a carteira do motorista ser cassada’’, explicou Rocha, presidente do Sindisan.
Desde a zero hora de ontem, transportadoras e caminhoneiros autônomos que atuam no cais decidiram não mais transportar esse tipo de contêiner, recusando a contratação do trabalho de forma a pressionar o Denatran a flexibilizar a lei.
Terminais - Segundo os terminais que movimentam contêineres no porto santista, o primeiro dia de paralisação do transporte de high cube não surtiu efeito. De acordo com a Libra Terminais, Rodrimar e Localfrio (este último especializado no escoamento dos reefers, cofres que armazenam carga refrigerada, geralmente mais altos que os contêineres normais) nenhum high cube deixou de ser entregue ou retirado de seus pátios ontem.
Também a Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (Abtra) não verificou qualquer alteração no movimento dos high cube nas instalações retroportuárias. ‘‘Não recebi qualquer comunicado sobre impacto dessa ação. Logicamente o reflexo sempre tarda um pouco’’, ressaltou o diretor da Abtra, José Roberto de Sampaio Campos.
Para o representante da Abtra, a ação deflagrada pelas transportadoras e pelos caminhoneiros autônomos pode não ter surtido efeito porque o movimento no porto às segundas-feiras é geralmente menor que nos outros dias. Soma-se a isso o fato de que muitos importadores podem ter adiantado o despacho da carga devido ao feriadão da semana passada. ‘‘Acho que amanhã (hoje) teremos um termômetro mais correto’’, afirmou.
Ainda assim, o executivo da Rodrimar especializado em operação, Jorge Luiz Neves, afirmou que o terminal não teve problemas ontem. Dos cerca de 300 contêineres movimentados por dia no recinto do Saboó, 30% são high cube, destacou.
Avaliação semelhante teve o diretor comercial e operacional da Localfrio, Eduardo Assumpção. ‘‘Por enquanto não tivemos nenhum problema. Até recebi essa informação (da paralisação do transporte), mas o nosso volume de high cube é muito pequeno’’. Segundo o executivo, apenas 5% dos cofres movimentados pela empresa devem ter dimensões maiores que as de um contêiner convencional.
A Localfrio recebe e despacha, em média, 250 TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) por dia.
A Libra Terminais, a maior operadora de contêineres da Margem Direita (Santos), também não registrou qualquer impacto da decisão dos sindicatos das transportadoras e dos caminhoneiros. O diretor de operações, José Eduardo Bechara, afirmou que absolutamente nenhum contêiner deixou de entrar ou sair de um dos terminais (a Libra administra o T-35 e o T-37) ontem.
O executivo não soube precisar a quantidade de high cube movimentada nas instalações, mas afirmou que é ‘‘menos de 50% do total’’.
A assessoria de imprensa da Santos-Brasil disse que a empresa não iria se pronunciar sobre o tema. Já representantes do Terminal para Contêineres da Margem Direita (Tecondi) não foram encontrados.
Fonte:
A Tribuna
18/10/2006 |
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