Agora, governo admite PIB abaixo de 3%
 
04/12/2006
SÃO PAULO - Após conversa de cerca de uma hora com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Guido Mantega (Fazenda) admitiu ontem, pela primeira vez, que o crescimento da economia do país poderá ficar abaixo dos 3% neste ano. No encontro com o presidente, Mantega foi mais uma vez cobrado para que apresente a curto prazo medidas que estimulem o avanço do PIB (Produto Interno Bruto). "Ninguém está satisfeito, evidentemente", disse, sobre os resultados apresentados um dia antes pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esses dados mostraram que o PIB cresceu 0,5% do segundo para o terceiro trimestre, e o resultado praticamente descartou a possibilidade de avanço de 3,2% da economia, até então a meta do governo para 2006. Mantega ontem admitiu: "[Neste ano, o PIB crescerá] em torno de 3%, um pouco mais, um pouco menos". Na avaliação do mercado financeiro, o crescimento da economia neste ano deverá ficar em 2,94%, segundo a última estimativa divulgada pelo Banco Central. Porém, depois do anúncio de crescimento do PIB de 0,5%, na quinta-feira, ocorreu nova rodada de revisão nas projeções de economistas. A menor projeção já está em 2,7%. O ministro da Fazenda falou com a imprensa na porta do Alvorada. Admitiu as dificuldades para atingir a meta deste ano, mas fez uma projeção positiva para 2007. "No ano que vem, o [crescimento de] 5% é possível. Se você projetar a taxa de crescimento do último trimestre, que eu acredito que seja algo como 1,5% e 1,6%, multiplica por quatro e terá os 5%." Aquecimento - Em 2006, se mantiver o mesmo ritmo no último trimestre, a economia fechará em 2,7% -um pouco acima dos 2,3% de 2005. Para aquecer a economia do país, o governo prepara um pacote de medidas fiscais, tributárias, em infra-estrutura e na área de gestão, que deve ser anunciado num prazo máximo de duas semanas. Mantega afirmou ontem que haverá estímulo em investimentos, desoneração tributária, habitação e saneamento. Alguns itens do pacote entrarão em vigor imediatamente, pois serão anunciados por meio de medidas provisórias. Lula quer pressa e, por conta disso, tem cobrado diariamente seus ministros para que apresentem sugestões de medidas para destravar a economia do país. Também avalia uma lista de obras públicas para definir o que será prioridade no próximo mandato. "O resultado PIB de ontem [anteontem] não altera em nada os nossos projetos, que são para criar as condições para que em 2007 a economia tenha um desempenho melhor, mais robusto. Isso é perfeitamente factível", disse Mantega. Extremamente moderado - Antes de Mantega, Lula recebeu os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Tarso Genro (Relações Institucionais). Na saída, Tarso chamou de "extremamente moderado" o avanço do PIB e sugeriu medidas mais "arrojadas" na política econômica. "Essa notícia do PIB confirma que são necessárias medidas arrojadas, como diz o presidente, para que nós possamos garantir um crescimento superior no próximo período", disse. As medidas em estudo no governo devem provocar uma desoneração tributária entre R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões, de acordo com estimativa de Mantega. onte: Folha de S. Paulo 4/12/2006