Santos estima crescer pelo 14º ano consecutivo
 
19/12/2006
SÃO PAULO - O porto de Santos prevê para 2007 mais um ano de recordes - o 14º consecutivo - com a movimentação projetada para 78,9 milhões de toneladas, mais 4,8% sobre o esperado para este ano. Desde 1992, o último ano em que o porto registrou um decréscimo de 2,3% ante o anterior, os números têm sido sempre crescentes, a ponto de dobrar seu desempenho em menos de dez anos. Na última década, Santos praticamente triplicou sua produtividade, com o equivalente a 438 toneladas trabalhadas por homem. Mas nem tudo são flores. A face ruim do porto paulista aparece na sua contabilidade. Este ano o terminal deve fechar com um prejuízo contábil superior a R$ 114 milhões, valor que vai pesar ainda mais no passivo da estatal, avaliado em cerca de R$ 802 milhões. Esse é o lado visível de um contraste que se arrasta há mais de dez anos, quando a Codesp deixou de ser operadora para se transformar em administradora exclusiva do porto, com redução de receitas e aumento de demandas trabalhistas e tributárias. "A Codesp paga, por ano, R$ 140 milhões para honrar passivos decorrentes de tributos, ações cíveis e trabalhistas", afirma Mauro Marques, diretor de administração e finanças da empresa. A dificuldade real de caixa levou a estatal a enfrentar até bloqueios de receitas, por parte de credores, entre os quais a prefeitura de Santos. Em termos operacionais, Marques aponta a sanidade da Codesp, ao contabilizar R$ 500 milhões de receitas, contra R$ 430 milhões de despesas. Enquanto procura equacionar o passivo, a empresa vê-se pressionada pelo setor privado. Para 2007, se todos os projetos forem aprovados pelo Congresso Nacional, são esperados investimentos de R$ 116,8 milhões, puxados por R$ 41 milhões para a implantação da avenida perimetral da margem direita e outros R$ 38 milhões para a dragagem. A computar-se o ocorrido em 2006, a performance do porto, em termos de investimentos públicos e privados, revela um quadro desalentador. Segundo a própria Codesp, o setor privado investiu cerca de R$ 640 milhões "na modernização da infra-estrutura para embarque e descarga de mercadorias, proporcionando ritmo e produtividade às operações". No mesmo período, a administradora do porto investiu apenas R$ 7,597 milhões, dos quais R$ 5,756 milhões de recursos próprios e R$ 1,840 milhão do Tesouro Nacional. Os maiores investidores do setor privado são o Terminal para Granéis de Guarujá (TGG) e o Terminal Marítimo do Guarujá (Termag), que já iniciou suas operações e deverá ter concluída as obras em janeiro. O TGG, até fevereiro, espera ter concluído um armazém de 118 mil toneladas de capacidade e iniciar operações. Nas projeções da estatal para 2007 estão projetos que visam atender à demanda do segmento privado, a exemplo do destinado à recuperação da infra-estrutura do Terminal de Granéis Líquidos da Alemoa, utilizado para a exportação de álcool, entre outros produtos. O armazém nº 4, próximo ao centro-velho de Santos, deverá ser reformado e adaptado para abrigar o Despacha Rápido, destinado a órgãos públicos, com objetivo de agilizar os trâmites burocráticos. Em 2007, a Codesp conta com um avanço de 5,7% no movimento de contêineres, para 27 milhões de toneladas, uma previsão conservadora, pois os terminais projetam crescimento de de 5% a 13% no período. Em 2006, o setor deve fechar com o equivalente a 2,390 milhões de TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés). A previsão é de crescimento em todos os segmentos. Com a assinatura de novos aditivos contratuais neste ano, a Codesp acrescentou áreas para o setor privado operar, o que resultará em melhora da sua receita patrimonial, da ordem de R$ 2,8 milhões em 2007 e investimentos de cerca de R$ 88 milhões pelos respectivos arrendatários. O maior projeto do porto, "Barnabé-Bagres", que significará uma capacidade operacional acrescida de 120 milhões de toneladas, é objeto de negociações entre os governos do Brasil e Japão, ainda no estudo de viabilidade econômico-financeira e ambiental. Fonte: Valor Econômico 19/12/2006