Visita de ministro às obras recebe críticas
 
12/01/2006
As obras emergenciais de recuperação das rodovias federais - iniciadas pelo governo após vários anos de espera por parte da população - se transformaram em evento político e em motivo para levar o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, a dezenas de localidades brasileiras. Ele esteve ontem pela manhã em Uberlândia, onde vistoriou o trabalho de restauração que está sendo feito pelo Departamento Nacional de Infra-estrutura Terrestre (Dnit) na BR-050. O ministro visitaria também um trecho da BR-365, entre Uberlândia e Patrocínio, que faz parte do Programa Emergencial de Trafegabilidade. Mas a agenda apertada provocou mudança nos planos. Da BR-050, ele foi para o aeroporto, de onde seguiu para Belo Horizonte e Juiz de Fora. À tarde, Alfredo Nascimento faria mais três visitas a rodovias que estão recebendo melhorias: as BRs 135, 267 e 040, todas em Minas. O "tour" do ministro começou no dia 9, por Goiás e Distrito Federal e, no dia seguinte, ele foi à Bahia, onde assinou ordens de serviço para o início das obras de recuperação de três rodovias federais. Pelo menos em Uberlândia, a vistoria das obras se limitou a uma caminhada sobre o asfalto novo por alguns metros do trecho que está sendo recuperado, no sentido Araguari. O principal questionamento feito pela imprensa ao ministro - a exemplo do que está acontecendo nacionalmente - foi por que as obras só começaram no último ano de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que é também ano de eleições. Na resposta, o representante do governo federal culpou o Executivo estadual pela situação em que se encontram as rodovias, em Minas, e não poupou críticas à gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). No entanto, a explicação exata sobre a demora para o início das obras dentro do governo Lula não foi satisfatória. "Sou ministro desde 2004 e, em abril deste mesmo ano, comecei a realizar um trabalho direcionado às estradas, com o pequeno orçamento que tinha disponível." O ministro garantiu que as obras iniciadas no sábado passado na BR-050 não são apenas tapa-buracos e que não vão durar só um ano. Isto é o que ocorre geralmente com as obras paliativas em que um período de chuvas é suficiente para "lavar" a massa asfáltica e levar junto os recursos gastos. Alfredo Nascimento destacou que, no ano passado, o Ministério dos Transportes empenhou mais de R$ 1 bilhão, um recorde histórico de investimentos em infra-estrutura em Minas Gerais. Para este ano, ele garantiu que serão liberados mais R$ 500 milhões para serem aplicados em obras "definitivas", como a da BR-050. Conforme explicou o ministro, as BRs que passam por Uberlândia não receberam recursos anteriormente e precisaram ser incluídas no programa emergencial por uma falha do governo do Estado. Segundo ele, em 2002, o governo federal repassou cerca de R$ 780 milhões ao Estado para investimentos em 6 mil quilômetros de estradas, o que não foi feito. Com isto, as rodovias não receberam recursos nem do Estado, nem da União. Se por um lado, as obras de melhorias nas rodovias federais garantem visibilidade às ações federais em ano de eleições, por outro, o governo precisa enfrentar os questionamentos da oposição. Enquanto o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, percorria o Estado de Minas, em visita às obras, o governador Aécio Neves (PSDB) afirmava, em Belo Horizonte, desaprovar a decisão "de última hora" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O governador afirmou que quase sempre as medidas emergenciais resultam em prejuízo para os cofres públicos, em função da má qualidade dos serviços. O ministro, que é filiado ao PL e deve disputar uma vaga no Senado pelo Amazonas ou até mesmo o governo do Estado, disse não estar preocupado com o que pensa a oposição. Quanto à qualidade das obras, ele enfatizou que quer ser cobrado e que tomou algumas medidas para garantir o bom investimento dos recursos públicos. "A auditoria destas obras que não foram licitadas será feita separadamente e qualquer tipo de pagamento só será feito depois que a qualidade dos trabalhos for verificada", frisou. Ainda segundo o ministro, além do Dnit regional, foram formadas sete equipes de profissionais que vão fiscalizar as obras em datas e locais não informados previamente. O supervisor regional do Dnit, João Andréa Molinero Júnior, também salientou que os serviços feitos na BR-050 vão garantir boas condições de tráfego durante muito tempo. Já para a 365 estão previstos apenas tapa-buracos, já que a rodovia deverá passar por uma obra mais ampla, que está emperrada por problemas burocráticos. Ele garantiu também que a sinalização dos trechos recuperados será feita imediatamente após o término das obras. As obras do Programa Emergencial de Trafegabilidade terão 180 dias de duração, sendo os trechos mais críticos, como a BR-050, entre Uberlândia e Araguari, e a BR-365, entre Uberlândia e Patrocínio, serão recuperados dentro de 90 dias. Ao todo, 3 mil quilômetros de estradas mineiras receberão melhorias.