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Pesquisa revela os perigos no caminho para o Porto |
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15/02/2006 |
O material, resultado de uma pesquisa feita pelas polícias Militar e Civil, tem como principal objetivo alertar os motoristas sobre como levar ou trazer suas mercadorias com segurança. E destaca pontos das rodovias de acesso ao cais santista que são alvos preferenciais dos assaltantes por serem locais de aglomeração das carretas.
A cartilha orienta o caminhoneiro a se precaver especialmente em sete locais da Via Anchieta e das rodovias Imigrantes, Cônego Domênico Rangoni (antiga Piçaguera-Guarujá) e Padre Manoel da Nóbrega.
Os pontos de maior risco são: na Via Anchieta, os arredores do estacionamento de caminhões da Ecovias, no Km 40 da pista sentido Capital-Santos, e o Km 27 da pista sentido Santos-Capital (nas proximidades do Areião e da Vila Sabesp, em Cubatão); na Rodovia dos Imigrantes (a primeira), o trecho entre o km 12 e 28 (nos dois sentidos) e o Km 43 da pista Santos-Capital (onde está o Marco Histórico da estrada); na Cônego Domênico Rangoni, no Km 262, na via sentido Praia Grande-Guarujá, na alça de acesso à Cosipa; e na Padre Manoel da Nóbrega, no Km 270, na pista sentido Guarujá-Praia Grande, próximo à alça de acesso à Via Anchieta, e no Km 273, na pista sentido Praia Grande-Peruíbe.
Segundo um levantamento realizado pela Federação de Cargas do Estado de São Paulo (Fetcesp) em agosto do ano passado, os municípios líderes na Baixada Santista em roubo de carga são Santos e Praia Grande, justamente cidades cujo acesso é feito por meio dessas estradas.
A Tribuna visitou na semana passada cinco dos sete locais destacados na cartilha. E em três deles, o discurso dos caminhoneiros foi unânime — o medo de sofrer um assalto por causa da carga que transportam é constante. E, diferentemente do que pode paracer, os roubos não acontecem somente às carretas que transportam contêineres, onde está geralmente a carga considerada nobre, por ter alto valor agregado (eletrônicos e peças de carros, por exemplo).
Risco
"Tem de tudo. Eles levam grãos, levam óleo do caminhão", afirmou o caminhoneiro Luiz Antônio Ponciano, que na manhã da última quinta-feira não arriscou. Ao decidir parar para almoçar, voltando para a Capital depois de descarregar calcário no porto, estacionou a carreta no bolsão da Ecovias, localizado no Km 40 da pista sentido Capital-Santos, próximo de um dos locais de risco.
A administradora do Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI) mantém lá um pátio aberto 24 horas por dia, constantemente vigiado e capaz de abrigar entre 70 e 80 caminhões. O supervisor de tráfego do SAI, Carlos Alberto Napolitano, anunciou inclusive que a fiscalização vai melhorar com a colocação das câmeras no estacionamento, onde a permanência do automóvel é gratuita.
De acordo com o motorista, o local é mais seguro do que parar no acostamento. "Quando o pátio está cheio, o pessoal pára ali fora. E aí é perigoso", confirmou o caminhoneiro Ponciano, dizendo ter alguns amigos que já sofreram assaltos à mão armada, apesar de ele próprio nunca ter sido vítima de um.
"O estacionamento da Ecovias é garantido, o problema é ali na frente", afirmou o presidente do Sindisan, Marcelo Marques da Rocha.
O problema é verificado geralmente depois das 18 horas, quando o movimento do boteco ali instalado começa a aumentar. Segundo a Polícia Militar (PM) e o Sindisan, vira "uma festa", que inclui até prostituição.
Pela manhã, no entanto, o cenário é diferente. A Tribuna conversou com alguns caminhoneiros parados nas imediações do Km 40 e eles disseram não haver problema estacionar por ali, já que existe um posto da Polícia Rodoviária em frente.
"Não concordo que aqui seja perigoso. Onde tem casos de roubo de cargas na estrada é no Km 43 da Imigrantes", afirmou o motorista Sérgio Gomes, que estava deixando o lugar para levar um contêiner ao porto. "Em Diadema, na Imigrantes, também é perigoso. E na Avenida Bandeirantes (na própria Capital)", disse.
Neste último local, Gomes chegou a ficar refém por três horas numa tentativa de assalto. Mas os ladrões não tiveram sorte. O contêiner que o caminhoneiro transportava estava vazio e o caminhão, objeto do assalto, quebrou, levando os criminosos a abortarem a operação.
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