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Goodyear aguarda autorização para investimento |
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20/04/2006 |
A filial brasileira da Goodyear aguarda da matriz, nos Estados Unidos, autorização para fazer um investimento em novas tecnologias para a produção de pneus de carros de passeio. Mas pesa contra o Brasil um problema que cada vez mais preocupa o presidente da operação, Chris Corcoran: a concorrência dos pneus usados importados, que entram no país por força de liminares na Justiça e que já são donos de mais da metade do mercado de reposição.
Corcoran explica que a empresa recentemente modernizou a linha para caminhões e máquinas agrícolas. O projeto foi realizado com boa parte dos US$ 65 milhões investidos em 2005. Agora a Goodyear teria que partir para investimento semelhante no segmento de pneus para automóveis. A empresa pretende aplicar em torno de US$ 60 milhões neste ano, incluindo as novas tecnologias para a linha de carros de passeio.
"No entanto, é difícil explicar para a matriz que o nosso maior concorrente hoje no país não são outros fabricantes, e sim, os importados usados", explica Corcoran. Segundo o executivo, Uruguai e Brasil são os únicos países no mundo que liberam a importação de pneus usados.
A concorrência mundial entre filiais da Goodyear está acirrada. O executivo lembra que recentemente a subsidiária brasileira perdeu para a operação da Colômbia um investimento de US$ 50 milhões em uma linha de pneus radiais para caminhões.
Segundo ele, o que mais prejudica o Brasil nessa briga internacional é o produto usado. Já faz quase 15 anos que o Brasil começou a produzir os chamados pneus remoldados, produzidos a partir de produto usado importado. A maior empresa do setor, a BS Colway, do Paraná, é uma das que apela para liminares na Justiça para trazer o produto do exterior.
A entrada de pneus estrangeiros usados no país está proibida desde 1991. Ao longo do tempo, a regulamentação foi sustentada por decretos e portarias, o que abriu espaço para liminares. A briga entre os fabricantes de pneus e o segmento de remoldados continua enquanto o projeto de lei 216/03, que permitiria a importação de pneus usados, aguarda votação no Senado.
Segundo a indústria, somente no ano passado entraram no Brasil 10,4 milhões de pneus usados. Isso equivale a quase 80% da produção da Goodyear no país e mais de 40% do mercado de reposição.
Corcoran prevê crescimento em torno de 4,5% no mercado brasileiro de pneus este ano. Com 4.400 empregados e duas fábricas em São Paulo, a Goodyear destina a maior parte da sua produção para o mercado de reposição. No ano passado, 44% do volume foi destinado para reposição. As montadoras ficaram com 30% e o mercado externo com 26%.
Segundo o executivo, a estratégia da empresa hoje está mais voltada ao mercado interno, que sofre menos oscilações. Além dos pneus para veículos, o executivo está otimista em relação ao aumento da demanda na área de infra-estrutura.
As vendas da Goodyear para o segmento de máquinas destinadas à construção civil, como retroescavadeiras, cresceram 16% em 2005 e, segundo Corcoran, somente no acumulado deste ano, a mesma área já registrou aumento de mais 20%.
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